O Mundo voltou a mergulhar numa obstinação, desta vez por causa da Ómicron, uma variante Covid identificada na África do Sul. É certo que o índice de transmissibilidade e a letalidade da nova mutação ainda não reúnem consenso da comunidade científica, mas isso parece importar pouco aos governantes. Tal como para parte deles não é relevante perceber o que origina estas mutações, a razão de nascerem quase sempre nas mesmas latitudes e o que fazer para as mitigar.
África tem sido terreno fértil para o descontrolo do vírus porque os países ricos acham que vacinar apenas a sua população garante um bunker pandémico. Ao contrário, nos países pobres só uma em cada três pessoas está vacinada. Em África, os vacinados rondam uns míseros 7%.
No Burundi não chegam a meio por cento. Nos países ricos são dadas todos os dias seis vezes mais vacinas de reforço que primeiras doses em África. Perante a indiferença dos ricos, sem vacinas, com uma população jovem e sistemas deficientes de rastreamento, África continuará a ser um viveiro de mutações prontas a alimentar paranoias pandémicas que só a vacinação generalizada pode atenuar.