O Orçamento do Estado que esta semana será aprovado na Assembleia da República é um exercício fácil para o Governo. A subida de inflação, sem correção salarial este ano, representa um aumento significativo das receitas fiscais.
Fernando Medina até arrisca fazer um figurão nos números finais com o documento que no outono passado foi elaborado por João Leão.
Mas os desafios para os orçamentos do futuro, como o do próximo ano, que a equipa das Finanças vai começar a preparar, são mais complicados.
Além de no próximo ano o gasto com pensões e salários da Função Pública significar uma maior pressão nas contas públicas, os juros da dívida, que já começaram a subir e vão continuar com a tendência ascendente, obrigarão a desviar mais recursos e dinheiro dos contribuintes.
Em 2022, a inflação come-nos poder de compra e aumenta-nos impostos sem darmos por isso, mas nos próximos anos não vamos ter folgas na pressão fiscal.
A escalada de juros em resposta à inflação galopante é um fantasma que ameaça a estabilidade económica e pode travar a retoma de um país sobre-endividado.