Previsivelmente, a segunda volta das Presidenciais francesas vai ser mais importante para a Europa do que qualquer das duras batalhas na Ucrânia. Tudo indica que nesse embate decisivo o atual Presidente Macron enfrente Marine Le Pen. E ao contrário do que se poderia pensar antes desta campanha eleitoral, o sufrágio gaulês não vai ser um passeio triunfal para o tecnocrata que está agora no Eliseu. A candidata de extrema-direita é uma política consistente que herdou as bandeiras do seu pai, mas que alargou o espaço da antiga Frente Nacional. Há muitas semelhanças entre o voto em Le Pen e o voto americano em Trump, tal como o voto britânico no Brexit. São protestos contra o sistema.
O descontentamento francês de classes populares empobrecidas e de uma classe média que está a perder rendimentos foi bem visível nos protestos dos coletes amarelos antes da pandemia.
A inflação acelerada agora com a guerra na Ucrânia e a degradação do custo de vida torna mais evidente a diferença entre o discurso pomposo de Macron e a realidade da vida de milhões de franceses.
Apesar de tudo, Macron ainda parece ter alguma vantagem. E para bem dos portugueses, tão dependentes da União Europeia, oxalá ganhe. Porque se Marine Le Pen for escolhida para o Eliseu, a União Europeia tal como a conhecemos implode. O que seria trágico.