O sinal mais alarmante dos abusos sexuais na igreja ou em instituições católicas é o facto de se terem banalizado. São tantos os casos que surgem diariamente, tantas as situações de encobrimento de quem tinha a obrigação de denunciar, que não tarda muito a serem vistos como acontecimentos ‘normais’. Razão tinha o Papa Francisco quando referiu, em entrevista, fez agora um ano, que o Diabo andava à solta. Os católicos não mereciam esta pouca vergonha.
Nunca conheceremos a verdadeira dimensão da tragédia, mas aquilo que sabemos é suficiente para exigir mudanças profundas na Igreja Católica. A cruzada de Francisco contra os abusos sexuais abriu caminho à mudança, mas é manifestamente insuficiente para alterar o estado das coisas, no sentido de tornar a igreja mais pura e livre do pecado.
Uma revolução que terá, necessariamente, de ocorrer em cada país, porque não é com as atuais hierarquias que o Vaticano terá sucesso neste combate. Os relatos que nos chegam reforçam a ideia de um espírito corporativo que se mantém e não vai além do pedido de desculpas e de palavras sem consequências. Uma tristeza.