É sempre um bom dia para a democracia quando um ex-primeiro-ministro a contas com a Justiça se apresenta num posto da GNR para cumprir medidas de coação.
Sobretudo depois de ter tentado criar a habitual novela de vitimização, apresentando-se como um mártir da luta pelos direitos humanos e Portugal e os seus tribunais como uma qualquer ditadura terceiro-mundista. A verdade de Sócrates, como diria António Costa, já só é uma penosa e pobre farsa, que deve suscitar alguma piedade.
Anda há anos a gastar rios de dinheiro, seu ou de algum amigo generoso, com recursos e respetivas custas judiciais, a tentar adiar um julgamento inevitável e o eventual restabelecimento da acusação originária do Ministério Público, antes da machadada que Ivo Rosa deu no processo. Sócrates tentou a cartada maximalista mas correu mal.
A jogada é simples: despreza os investigadores, despreza os juízes, em coerência, digamos assim, ser-lhe-ia fácil desafiar tudo e todos, a Justiça, o Governo, o sistema político, ficando no Brasil, no cenário de Lula ganhar, como uma vítima dos seus carrascos judiciais. Por agora, falhou.