Na conferência de imprensa após a Mesa Nacional do BE que este domingo aprovou o programa eleitoral e as listas do partido às eleições legislativas, Catarina Martins referiu-se ao "episódio diferente do costume" neste órgão do partido.
Em causa, o facto de elementos das moções E e N terem abandonado esta reunião da Mesa Nacional, antes mesmo das votações, em protesto por aquilo que consideram ser uma "votação anti-estatutária" de listas às eleições legislativas.
"Os aderentes são chamados a fazer propostas que são trazidas à Mesa Nacional. É assim que nós temos trabalhado desde sempre e os nossos estatutos preveem que a Mesa Nacional se debruce sobre as propostas que vêm das assembleias distritais e votem em alternativa outras propostas. Sempre foi assim, tem sido assim ao longo de toda a vida do BE", assegurou.
De acordo com a líder do BE, este domingo "houve um grupo de aderentes que entendeu que devia ser impedida a votação em alternativa entre as propostas que vieram das distritais e propostas que fossem apresentadas por dirigentes da Mesa Nacional ou pela Comissão Política".
"Essa proposta foi chumbada, a Mesa Nacional decidiu fazer o que faz sempre: votar todas as propostas que vêm dos plenários distritais e, quando é caso disso, votar em alternativa outras propostas que sejam feitas por pessoas que estão presentes na Mesa Nacional e da Comissão Política. Mantivemos o método de votação de sempre e esses camaradas decidiram não participar na votação", relatou.
Depois desta intervenção inicial e questionada pelos jornalistas sobre se entendia que este episódio manchava as decisões sobre programa e listas, Catarina Martins não se quis alongar em mais declarações, sublinhando apenas que "há uma larguíssima maioria no BE".
"O programa foi muito participado, as listas foram muito participadas e de facto não houve nenhuma divergência nova no seio do BE", desvalorizou.
Apesar da saída dos elementos destas moções críticas da direção, a coordenadora do BE assegurou que se manteve "uma enorme representação da Mesa Nacional", 70% deste órgão nacional, tendo sido realizadas "as votações com toda a normalidade".
De acordo com Catarina Martins, o BE apresentou listas "que são diversas e que são plurais" e que "representam as várias sensibilidades" do partido
"Mas um grupo parlamentar deve sobretudo ter aquelas vozes que podem fazer a diferença na atividade setorial e que são representantes em todo o país das lutas do BE", defendeu, afirmando "muito para lá das sensibilidades" bloquistas, a opção recaiu sobre quem "podem ser as vozes nas áreas fundamentais e juntar nomes independentes".
De acordo com o comunicado enviado à agência Lusa pela moção E, que na última convenção elegeu 17 dos 80 lugares da Mesa Nacional, "em causa está a apresentação de uma lista alternativa à sufragada pelas/os militantes do distrito de Santarém, numa tábua rasa à decisão do órgão competente regional".
Os membros eleitos pela moção E "recusam participar numa proposta viciada de ilegalidade e exigiram a retirada da lista B por Santarém, versada na proposta a sufrágio na Mesa Nacional", refere o mesmo comunicado, segundo o qual "votar numa proposta desta natureza é ser conivente com o incumprimento estatutário e é rasgar a democracia interna".