Humberto Coelho, de 42 anos, é padre em Carrazeda de Ansiães – tem a seu cargo 19 paróquias – e bombeiro voluntário em Mirandela. Enquanto sacerdote e bombeiro está habituado a lidar com situações de vida e de morte.
O padre Humberto não esquece o dia em que, por falta de meios, não conseguiu salvar um paroquiano, de 50 anos, vítima de paragem cardiorrespiratória. Morreu-lhe nas mãos. Foi por altura do Natal, no ano passado. "Senti que se tivéssemos ali um desfibrilhador poderíamos ter feito a diferença", explicou o padre Humberto ao
CM.
Há seis meses comprou um Desfibrilhador Automático Externo, que desde julho está licenciado e homologado pelo INEM. O padre Humberto Coelho é o primeiro cidadão não médico a ter licenciamento do INEM para usar o aparelho.
"O desfibrilhador anda sempre comigo, na mala do meu carro. Ainda hoje [esta sexta-feira], pensava nisso. Tivemos as visitas aos cemitérios, onde se junta muita gente, e é mais fácil ir a correr ao carro buscar o aparelho, do que estar à espera da ajuda, que demora muito tempo", acrescenta.
Embora esteja preparado, espera nunca usar o aparelho. "Quem vive no Interior está longe do apoio existente noutros locais", explica. "Estamos muito atrás de outros países europeus. Por ano, morrem 12 mil pessoas em Portugal, por causa de paragens cardiorrespiratórias", lembra o padre Humberto Coelho, que está agora mais preparado para salvar vidas.