Henrique Nijo, morador de Roalde, em Sabrosa, é um dos que se queixam de ter "às portas de casa" uma fábrica de sobrantes da indústria de produção de cogumelos. "É um cheio nauseabundo e por vezes insuportável", resume.
As reclamações da população já têm alguns anos. Em 2018, após uma reportagem do
CM, a fábrica localizada em Sobrados foi obrigada a fazer alterações, nomeadamente no que se refere às horas a que queimam os sobrantes, deixando de ser uma prática diurna para se tornar exclusivamente noturna.
"O cheiro entra para as casas, só quem mora cá é que percebe este horror. Já me aconteceu, durante um passeio pelo bosque, deparar-me com um rego numa encosta, proveniente da fábrica, onde corria um líquido da cor do vinho que ia direto para uma linha de água", explica ainda Henrique Nijo.
Dois anos depois, os habitantes de Sabrosa afirmam que "o inferno continua", que o cheiro é "insuportável" e que não sabem, sequer, que tipo de produtos são queimados naquela fábrica. "Já fui à câmara e à GNR, mas parece que ninguém está interessado em resolver isto. É impossível viver aqui. Falei com várias pessoas que têm a mesma opinião, mas que não dão a cara com medo de represálias", realça Manuel Kléber, morador, de 60 anos.
A autarquia diz que "regista e comprova os factos relatados". "No entanto, informamos que já foram efetuados os devidos procedimentos de averiguação e diligências em conjunto com as entidades competentes na área do ambiente, no sentido de apurar as causas que estão na origem do sucedido", refere. Não foi possível obter resposta dos responsáveis pela fábrica.