Ao fim de três dias, todavia, os inspectores, já na posse dos exames médico-legais que não confirmavam os indícios de molestação, abandonaram o caso e pediram desculpa à mãe da menina pela pelos incómodos causados.
O caso ocorreu no sábado, quando, a meio da manhã, Maria da Conceição, de 35 anos, apareceu em casa da ama da sua filha, trazendo a menina inanimada ao colo e pedindo-lhe ajuda.
“Vinha aos gritos, aflita sem saber o que fazer. Pareceu-me coisa grave, a menina não segurava a cabeça, pensei numa meningite e chamámos os bombeiros”; contou Ana Morais, conhecida na terra por Ana ‘Valenta’ ao CM.
Transportada para o Hospital de Vila do Conde, a menina foi de imediato transferida para a unidade hospitalar da Póvoa de Varzim. Aqui, os médicos verificaram que a criança apresentava alguns indícios de violação pelo que alertaram de imediato a PSP local e encaminharam a bebé para o Hospital de São João, no Porto.
Perante as suspeitas, a PSP levou Maria da Conceição para o posto policial e participou o caso à Polícia Judiciária. Pouco depois chegaram à Póvoa os inspectores da PJ que levaram a mãe da menina para o Porto. Ao longo do fim-de-semana, o inquérito prosseguiu, mas apesar do sigilo em que se tentou rodear o caso, a informação correu célere pela pacata freguesia de Parada.
“Os polícias fizeram o seu trabalho, não posso levar a mal, mas o mesmo não digo dos médicos do Hospital da Póvoa. Foram muito precipitados ao levantarem tanto alarme sem fazer os exames que deveriam. Confundiram uma inflamação com abuso sexual e causaram muito mal àquela família”, disse ao CM, Maria Antónia, filha da ama, ao chegar a casa após ter passado todo o dia de ontem com a mãe a menina, no Hospital de São João.
DIFICULDADES DE MÃE SOLTEIRA
Maria da Conceição tem 35 anos. Foi viver para Parada, Vila do Conde, há cerca de dois anos, com a bebé, para casa do seu novo companheiro, pedreiro, e do filho deste, agora com 16 anos. Na casa vizinha moram os pais do companheiro. Nesta família houve no passado um caso relacionado com a violação de uma criança deficiente, mas ninguém na terra relaciona os casos, até porque todos esperam que a doença da menina seja ditada por causas naturais e que possa regressar ao lar muito em breve.
Maria da Conceição passa por dificuldades económicas, já teve vários empregos precários e há algumas semanas conseguiu colocação numa pequena confecção, onde aufere um salário de 300 euros mensais.
OUTROS PORMENORES
MENINGITE
A ama suspeitou de uma meningite. Todavia, não recebeu de qualquer serviço de saúde quaisquer recomendações relacionadas com essa doença, apesar de em sua casa habitarem outras crianças.
INVESTIGAÇÃO
Ana ‘Valenta’, a ama, nunca acreditou que a menina tivesse sido alvo de sevícias sexuais, ainda por cima continuadas. “A menina tem muita vida, é esperta e alegre, nunca mostrou sinais estranhos”, diz.
NO HOSPITAL
A família critica o comportamento de alguns médicos do Hospital da Póvoa de Varzim. Queixa-se mesmo de alguma agressividade para com a mãe da bebé. “Julgaram em vez de examinar”, diz um familiar.
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