Uso de máscara deve permanecer obrigatório nos lares e também nos transportes públicos, mesmo quando se alcançar os 85% da população com a vacinação completa, defendeu esta quinta-feira, na reunião no Infarmed, Raquel Duarte, investigadora da Universidade do Porto, que lidera a equipa de peritos que aconselha o Governo na definição do processo de desconfinamento.
A antiga secretária de Estado da Saúde entende que é o momento de efetuar uma "transição da obrigatoriedade das medidas para uma responsabilidade individual", lembrando que "não entrámos numa fase de cancelamento das medidas".
Por seu turno, o Presidente da República reconheceu que há "um fechar de uma página", perante a redução do número de novos casos e de mortes, mas sublinhou que "a pandemia não terminou, continua a haver internados nos Cuidados Intensivos e mortos". Marcelo Rebelo de Sousa disse que "vai acompanhar atentamente o aparecimento de novas variantes" e sublinhou que "restrições serão impostas, se houver circunstâncias que o justifiquem". O Presidente destacou as recomendações dos especialistas de adaptação de regras de "transição para uma nova fase a circunstâncias concretas", nomeadamente nos lares e transportes públicos, "onde há circunstâncias de risco maior a explicarem precauções maiores".
A especialista Raquel Duarte defende a existência de um plano perante a possibilidade de "um reforço massivo da vacinação", acrescentando que "os idosos devem ser um grupo prioritário para a terceira dose da vacina". A médica pneumologista recomenda que o certificado digital continue a ser obrigatório apenas em situações de maior risco. Pediu, também, que o acesso ao certificado seja "fácil, universal e gratuito", sublinhou. Em relação aos transportes públicos, a especialista defende o uso obrigatório de máscara.
A intervenção dos peritos foi coordenada pela ministra da Saúde, Marta Temido, que procedeu às apresentações.
PORMENORESVariante Mu em 7 distritosA variante Mu, com origem na Colômbia, foi detetada em 16 concelhos de sete distritos, com um total de 32 casos. O último registo foi detetado no fim de julho, disse João Paulo Gomes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
Jovens mais tristesA especialista Carla Nunes, da Universidade Nova de Lisboa, destacou que os mais jovens mostram piores efeitos na saúde mental devido ao distanciamento. Aumenta a percentagem de pessoas mais novas que se sente ansiosa ou triste.
Saída da lista vermelha No mapa sobre decisões de viagem dentro da União Europeia, Portugal passou a constar no grupo de países que apresenta "risco moderado". O Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças coloca agora Portugal no laranja, o segundo nível menos grave depois do verde (situação favorável).
Efetividade da vacina e novas variantes determinam medidas"Estamos no fim de uma fase pandémica", frisou Pedro Pinto Leite, chefe da Divisão de Epidemiologia e Estatística da Direção-Geral da Saúde. O especialista apresentou os cenários traçados pela DGS e INSA para o outono e inverno. No mais otimista, a efetividade da vacina mantém-se durante pelo menos três anos e não surge nenhuma variante que faça frente à Delta.
O cenário intermédio prevê a redução de efetividade da vacina ao fim de um ano, mas sem uma nova variante. O mais preocupante prevê a descida da efetividade da vacina e o surgimento de uma nova variante, que assuma a dominância. Pedro Pinto Leite explicou que no primeiro cenário entra-se numa "fase de transição", em que a missão é "adequar as necessidades da população à situação epidemiológica e à imunidade da população". No segundo, o País entra em "controlo e contenção", e no mais grave, regressa-se à realidade vivida até há pouco tempo, de "mitigação".
2,4 milhões de pessoas com terceira doseEstá definido o calendário de aplicação da terceira dose contra a Covid-19 e também da vacinação contra a gripe. No caso da Covid-19, a vacinação em massa termina dia 26. A inoculação da terceira dose tem início em dezembro e vai até março, num total de 2,4 milhões de pessoas. No dia 11 de outubro arranca vacinação contra a gripe, que decorre até dezembro, sendo chamadas 1,8 milhões de pessoas.
Autorização para menores de 12 até 2022 As farmacêuticas poderão solicitar a autorização para uso das vacinas aprovadas contra a Covid-19 em crianças com menos de 12 anos até ao final do ano.
Ensaios clínicos em recém-nascidosEstão planeados ensaios clínicos dos 0 aos 6 meses e dos 6 meses aos 12 anos (Pfizer) e dos 0 aos 12 anos (Moderna e AstraZeneca).
Povo votou a favor da vacinaçãoO Presidente da República assinalou a adesão do povo à vacinação, numa votação favorável maioritária que demonstra "caráter ultraminoritário" de "negacionistas".
45 surtos em lares e queda de anticorpos Portugal regista atualmente 45 surtos em lares. Um estudo sobre imunidade em lares do Alentejo e do Algarve indica a diminuição dos anticorpos em idosos 4 meses após a vacinação.